A vida do Salvador no mundo não
foi uma vida de comodidade e dedicação ao próprio eu; ao contrário, labutava
com esforço persistente, fervoroso e incansável pela salvação da humanidade
perdida. Desde a manjedoura até o Calvário trilhou a senda da abnegação, não
procurando eximir-Se a tarefas árduas, penosas viagens e exaustivos cuidados e
labores. Disse Ele: "O Filho do homem não veio para ser servido, mas para
servir e para dar a Sua vida em resgate de muitos." Mat. 20:28. Era este o
único e grande objetivo de Sua vida. Tudo mais era secundário e subalterno. Sua
comida e bebida consistia em fazer a vontade de Deus e consumar a Sua obra. O
próprio eu e o interesse próprio não tinham parte alguma em Seu trabalho.
Assim os que são participantes da
graça de Cristo estarão prontos para fazer qualquer sacrifício a fim de que
outros pelos quais Ele morreu participem do dom celestial. Farão tudo que está
em seu poder para tornar o mundo melhor por sua estada nele. Tal espírito é o
legítimo produto de uma alma verdadeiramente convertida. Tão depressa uma
pessoa se chegue para Cristo, nasce-lhe no coração o desejo de revelar aos outros
que precioso amigo encontrou em Jesus; a salvadora e santificante verdade não
lhe pode ficar encerrada no coração. Se nos achamos revestidos da justiça de
Cristo, e cheios da alegria proveniente da habitação de Seu Espírito em nós,
não nos será possível calar-nos. Se provamos e vimos que o Senhor é bom,
teremos alguma coisa a dizer. Como Filipe ao encontrar o Salvador,
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convidaremos outros para chegarem
a Ele. Procuraremos apresentar-lhes os atrativos de Cristo e as realidades
nunca vistas do mundo por vir. Haverá um desejo intenso de trilhar o caminho no
qual Cristo andou. Sentiremos um sincero anseio de que os que nos rodeiam
possam contemplar "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo".
João 1:29.
E o esforço no sentido de
abençoar aos outros reverterá em bênçãos para nós mesmos. Foi este o propósito
de Deus dando-nos uma parte a desempenhar no plano da redenção. Concedeu aos
homens o privilégio de tornarem-se participantes da natureza divina e de, por
sua vez, difundir bênçãos aos seus semelhantes. Esta é a mais elevada honra, a
maior alegria que Deus pode conferir ao homem. Os que assim se tornam
participantes da obra de amor são os que para mais perto de seu Criador são
conduzidos.
Deus poderia ter confiado aos
anjos celestiais a mensagem do evangelho e toda a obra de amoroso ministério.
Poderia ter empregado outros meios para realizar o Seu propósito. Mas em Seu
infinito amor preferiu tornar-nos cooperadores Seus, de Cristo e dos anjos, a
fim de que pudéssemos participar da bênção, da alegria e do reerguimento
espiritual que resultam desse abnegado ministério.
Pela comunhão dos sofrimentos de
Cristo somos levados a uma relação de intimidade com Ele. Cada ato de renúncia
própria em benefício de outros, robustece o espírito de beneficência no coração
do beneficiador, ligando-o mais estreitamente ao Redentor do mundo, o qual,
"sendo rico, por amor de vós Se fez pobre, para que, pela Sua pobreza,
enriquecêsseis". II Cor. 8:9. E é só à
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medida que assim cumprirmos o
propósito divino de nossa criação, que a vida nos poderá ser uma bênção.
Se vos puserdes a trabalhar como
Cristo determina que Seus discípulos o façam, e conquistar almas para Ele,
sentireis a necessidade de uma experiência mais profunda e um maior
conhecimento das coisas divinas, e tereis fome e sede de justiça. Instareis com
Deus, e vossa fé se fortalecerá e vossa alma beberá livremente da fonte da
salvação. As oposições e provações que encontrardes vos impelirão para a Bíblia
e para a oração. Crescereis na graça e no conhecimento de Cristo e
desenvolvereis uma rica experiência.
O espírito de abnegado amor pelos
outros proporciona ao caráter profundeza, estabilidade e formosura cristã, e
traz paz e felicidade ao seu possuidor. As aspirações são enobrecidas. Não
haverá lugar para a preguiça ou egoísmo. Os que desse modo exercitarem as
graças cristãs hão de crescer e tornar-se fortes para o trabalho de Deus. Terão
claras percepções espirituais, fé constante, e crescente, e maior poder na
oração. O Espírito de Deus, operando em seu espírito, despertará as sagradas
harmonias da alma, em resposta ao contato divino. Os que assim dedicarem
esforços abnegados ao bem de outros estão, certissimamente, operando sua
própria salvação.
O único modo de crescer na graça
é fazer desinteressadamente a obra que Cristo nos ordenou fazer - empenhar-nos,
na medida de nossa capacidade, em ajudar e abençoar os que carecem do auxílio
que lhes podemos dar. A força se desenvolve pelo exercício; a atividade é a
própria condição de vida. Os que procuram manter a vida cristã aceitando
passivamente as
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bênçãos que lhes são oferecidas
pelos meios da graça nada fazendo por Cristo, estão simplesmente procurando
comer para viver, sem trabalhar. No mundo espiritual, assim como no mundo
natural, isso resulta sempre em degeneração e ruína. O homem que se recusasse a
servir-se de seus membros, em breve perderia a faculdade de usá-los. Assim o
cristão que não exercita as faculdades que Deus lhe deu, não só deixa de
crescer em Cristo, como também perde a força que já possuía.
A igreja de Cristo é o agente
designado por Deus para a salvação dos homens. Sua missão é levar o evangelho
ao mundo. E essa obrigação repousa sobre todos os cristãos. Cada um, na medida
de seus talentos e oportunidades, deve cumprir a comissão do Salvador. O amor
de Cristo, revelado a nós, torna-nos devedores a todos os que O não conhecem.
Deus nos outorgou luz, não para nosso proveito exclusivo, mas para que a
derramássemos sobre eles.
Se os seguidores de Cristo
estivessem sempre alerta ao chamado do dever, milhares estariam proclamando o
evangelho em países gentios onde hoje só existe um. E todos os que se não
empenhassem pessoalmente nessa obra, haveriam de sustentá-la com os seus
recursos, sua simpatia e suas orações. E muito maior quantidade de zeloso
trabalho se faria nos países cristãos.
Não precisamos ir aos países
pagãos, nem mesmo deixar o estreito âmbito de nosso lar, se é ali que está
nosso dever, a fim de trabalhar para Cristo. Podemos fazê-lo no lar, na igreja,
entre os nossos amigos e com quem entretemos relações comerciais.
A maior parte da vida de nosso
Salvador, passou-a
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Ele em paciente labor na oficina
de carpinteiro em Nazaré. Anjos ministradores assistiam o Senhor da vida quando
caminhava ao lado dos camponeses e jornaleiros, sem ser reconhecido nem
honrado. Cumpria tão fielmente Sua missão quando trabalhava em Seu humilde
ofício como quando curava os doentes ou andava sobre as ondas tempestuosas do
mar da Galiléia. Assim podemos nós, nos mais humildes deveres e ínfimas posições
da vida, andar e trabalhar com Jesus.CAMINHO A CRISTO.